O arremesso no basquete é o fundamento mais decisivo do jogo. Dentre as técnicas, o jump tem sido identificado como o mais eficiente. Saiu um estudo bem interessante sobre a biomecânica desse movimento, com todas as suas fases de execução.
Fase de preparação (posição inicial)
A fase de Preparação constitui a posição inicial para o lançamento da bola. O cotovelo e punho encontram-se semiflexionados (134,3º e 191,9º, respectivamente). A bola é segura próxima ao corpo com as duas mãos, tendo os dedos afastados (COLEMAN & RAY, 1976). O joelho e quadril também apresentam uma pequena flexão, além de uma inclinação de tronco (MILLER & BARTLETT, 1996, 1993). Os pés são afastados na linha dos ombros, com peso do corpo igualmente dividido entre eles (ALMEIDA, 1998). Pode-se utilizar a estratégia do posicionamento do pé, correspondente ao lado do braço de ação, à frente, o que auxilia numa maior estabilidade para o arremessador (ELLIOTT, 1992; MARQUES, 1980). Esta posição do pé a frente elimina a necessidade na rotação do ombro, do tronco e da pelve durante a fase de propulsão no salto (KNUDSON, 1993; ELLIOTT, 1992, HUDSON, 1985).
Fase de elevação da bola
Início do movimento dos membros superiores com a flexão de ombro e cotovelo. Nesta fase a bola é elevada para ser lançada. O cotovelo é a primeira articulação a ser desacelerada (28%), sendo seguida pela desaceleração da flexão do ombro (41%). O punho permanece inicialmente com pouca variação no deslocamento angular, posteriormente, inicia uma extensão para o posicionamento da bola (38%). A bola deve permanecer próxima ao corpo para manter a estabilidade e reduzir o deslocamento horizontal do corpo (ROJAS et al., 2000). É realizado um alinhamento do ombro, do cotovelo, do punho e dos olhos para melhorar a precisão através da rotação do ombro no plano horizontal entre 29º e 55º (MILLER & BARTLETT, 1993). Apesar da fase de elevação da bola ter seu término com o instante em que o cotovelo para de realizar uma flexão, o ombro, ainda em flexão, continua a elevar a bola até que atinja aproximadamente 110º. Durante a elevação da bola o cotovelo deve estar posicionado abaixo desta, em direção à cesta (ROJAS et al., 2000; ELLIOTT, 1992; COLEMAN & RAY, 1976; DAIUTO, 1971).
Fase de estabilidade
O cotovelo termina sua flexão desacelerando o movimento (65%) e inicia uma aceleração com movimento de extensão para o lançamento da bola. Este período caracterizado por uma pequena variação no deslocamento angular do cotovelo (52%-79%), constitui a fase de estabilidade do arremesso. Alguns jogadores podem apresentar uma fase de estabilidade mais reduzida ou ausente para maior proveito da energia de um pré-estiramento da musculatura extensora do cotovelo (BUTTON et al., 2003). O ombro está realizando uma desaceleração que ocorre até o final desta fase. Esta articulação também apresenta um pequeno período de estabilidade, entretanto, este ocorre após a fase de estabilidade do cotovelo (65%). O punho, ainda em movimento de extensão, está em aceleração no início desta fase (até 56%) e, posteriormente, começa a desacelerar seu movimento até a próxima fase do arremesso (82%). Para que o punho seja totalmente estendido antes da saída da bola, uma aplicação de pressão das mãos ao segurar a bola pode ser realizada (COLEMAN & RAY, 1976).
Fase de lançamento
A fase de lançamento é iniciada pela extensão do cotovelo e/ou flexão do punho, sendo seu final determinado com a perda de contato da mão com a bola (lançamento). O ombro na fase de lançamento está iniciando sua aceleração para o lançamento da bola (80%), após sair de seu período de estabilidade (88%). O cotovelo está aumentando sua aceleração num movimento de extensão para o lançamento da bola. Alguns autores apontam a extensão do cotovelo como o ponto mais importante no lançamento, inferindo um maior impulso impelido à bola através desta articulação (BUTTON et al., 2003; MILLER & BARTLETT, 1993). O punho inicia seu movimento de flexão (81%) pouco após o movimento de extensão do cotovelo (80%). Daiuto (1971) aponta que esta flexão deve acontecer com pequeno desvio lateral e, somente, após a extensão completa do cotovelo. Contudo, os dados do presente estudo demonstraram que a flexão de punho ocorre antes do maior valor de extensão do cotovelo sustentando a descrição do arremesso proposta por Almeida (1998). Este autor aponta que a flexão de punho, em direção à cesta, deve ocorrer antes da flexão completa do cotovelo (ALMEIDA, 1998). O lançamento deve ser realizado com um movimento de flexão do punho e dos dedos, de forma que a bola realiza uma trajetória em forma de parábola, com rotação para trás após perder o contato com os dedos (ALMEIDA, 1998; KNUDSON, 1993; COLEMAN & RAY, 1976; DAIUTO, 1971).
Fase de inércia
A fase de inércia é determinada pelo instante em que a bola é lançada, não havendo mais o contato do jogador com a bola. Esta fase é caracterizada por uma continuidade na flexão do punho (ROJAS et al., 2000) e uma restrição do movimento de flexão do ombro (aproximadamente 120º) e extensão do cotovelo (aproximadamente 130º). A coordenação e continuidade de todos os movimentos são simplesmente imprescindíveis no arremesso (DAIUTO, 1971). O arremesso é terminado com o cotovelo estendido e com a mão paralela ao chão com os dedos apontados para a cesta (COLEMAN & RAY, 1976).
Diferentes valores são encontrados na literatura quanto aos deslocamentos angulares no instante do lançamento. Coleman e Ray (1976) apontam que o ângulo do ombro deve variar entre 135º e 180º, não excedendo estes valores. Todavia, alguns estudos demonstraram que os valores de deslocamento angular no instante do lançamento podem variar de 113º (ELLIOTT & WHITE, 1989) a 148º (ELLIOTT, 1992) para a articulação do ombro, 132º (ELLIOTT & WHITE, 1989; MILLER & BARTLETT, 1993) a 156º (ELLIOTT, 1992) para a articulação do cotovelo e entre 179º (ELLIOTT, 1992) e 201º (ELLIOTT & WHITE, 1989) para a articulação do punho. O presente estudo apresentou 122º, 131º e 180º, respectivamente para os ângulos de lançamento da articulação do ombro, cotovelo e punho.
Análise das relações entre as articulações adjacentes
A relação ombro-cotovelo demonstrou uma relação inversa até o instante da fase de lançamento da bola (80%), com o movimento sendo conduzido principalmente pelo ombro. Entretanto, posteriormente, o movimento possui uma relação direta com predomino da ação do cotovelo no movimento. Esta análise das articulações ombro-cotovelo sugere a maior participação do cotovelo na geração de impulso para lançar a bola. Por outro lado, a articulação do ombro parece auxiliar o posicionamento da bola e a estabilização do movimento para que a bola seja lançada (Figura 5).
A relação cotovelo-punho demonstrou que enquanto a articulação do cotovelo realiza sua flexão (52%), a articulação do punho passa da fase de estabilidade (1%-38%) para sua extensão (39%-81%). Posteriormente (82%-100%), ambas as articulações demonstram uma relação inversa para o lançamento da bola, pois o cotovelo está realizando uma extensão e o punho uma flexão. Esta ação conjunta num movimento de extensão de cotovelo e flexão de punho sugere a participação destas duas articulações de forma efetiva na geração de impulso para lançar a bola. Por conseguinte, a articulação do punho não parece ter participação apenas na precisão do arremesso como sugerido por alguns autores (MILLER & BARTLETT, 1993, 1996).
Análise da seqüência de ação das articulações
Apesar do arremesso de jump demonstrar uma seqüência de ação inicial próximo-distal dos movimentos responsáveis pelo lançamento da bola. Ou seja, o ombro, articulação mais proximal, iniciou seu movimento de flexão primeiro (1%), posteriormente, ocorreu uma extensão de cotovelo (60,7%), seguido por uma flexão de punho (80,4%). Não foi verificado o princípio da somatória das velocidades no movimento, conforme o princípio próximo-distal (ANDERSON & SIDAWAY, 1994; PUTNAN, 1991). Pois, apesar do ombro alcançar a maior velocidade angular primeiro, o punho é a articulação que atingiu seu maior valor de velocidade angular, sendo as velocidades do punho e cotovelo acontecendo num instante de tempo próximo. Desta forma, o movimento de arremesso de jump se aproximou mais da descrição de Van Gheluwe e Hebbelinck (1985) e Joris et al. (1985). Estes autores apontam que para alcançar as mais altas velocidades num final distal de um sistema de cadeia aberta, as velocidades angulares máximas dos segmentos devem ser alcançadas simultaneamente (VAN GHELUWE & HEBBELINCK, 1985; JORIS et al., 1985). Entretanto, em arremessos que necessitam maior geração de impulso, como arremessos de longa distância, os jogadores podem fazer uso de um movimento com uma seqüência próximo-distal (ELLIOTT, 1992).
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As fases do arremesso de jump no basquetebol
Editado por Dani Souto Esporte Educacional
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